Segundo a vítima, ela percebeu o crime quando o homem ficou com a respiração ofegante e falou, por telefone: 'tô finalizando'. O caso pode ser classificado como importunação sexual
Porto Velho, RO - "Ele insistiu que eu ficasse na ligação porque ele precisava falar. Fiquei desconfortável, mas sempre com aquilo na cabeça: 'sou psicóloga, tenho que ajudar a todo custo qualquer pessoa' [...] depois quando ele ficou com a respiração ofegante e falou: 'tô finalizando', eu percebi o que tinha acontecido", esse relato é de Gabrielly Forte, de 25 anos, que foi à polícia na última semana denunciar um caso de importunação sexual.
A psicóloga registrou um boletim de ocorrência informando que um homem havia se masturbado durante uma ligação telefônica. Ela também expôs o caso nas redes sociais para tentar alertar outras colegas de trabalho.
"Fiquei péssima, me senti invadida de todas as maneiras", lembra.
Segundo a vítima, tudo começou após um homem entrar em contato com ela para supostamente fazer terapia online. Pelo Instagram, o homem perguntou sobre os valores e horários disponíveis.
"É comum receber contato com outro DDD para informações de consulta, mas eu sigo um protocolo de mandar o contato profissional e solicitar os dados dos pacientes. Mandei o formulário pra ele, mas ele não se cadastrou e continuou falando suas 'demandas'. Que tinha vício em pornografia e em masturbação. Daí expliquei novamente que ele poderia falar de qualquer demanda desde que me contratasse como psicóloga", disse a vítima.
"Ele insistiu no papo e eu percebi que podia ser um fake, de início não quis cortar logo, pois pensei que podia ser alguém em sofrimento e jamais pensei que poderia ser um assédio", comentou Gabrielly.
Após esse episódio, a psicóloga resolveu bloquear o homem das redes sociais devido a insistência em falar as "demandas" sem o devido acordo profissional. Até que na última quinta-feira (26), enquanto estava no consultório em Porto Velho, ela recebeu quatro ligações entre os intervalos das sessões.
"Eu resolvi atender, daí o homem se identificou como Fábio, perguntou se eu tinha vaga para terapia porque ele estava muito ansioso, muito nervoso e com dificuldade para dormir. Escutei o que ele tinha a dizer e pedi que ele me chamasse no WhatsApp para enviar as informações, valores e o link para cadastrar os dados".
"Mas ele insistiu que eu ficasse na ligação. Eu disse que aquilo não era uma consulta e que eu precisava desligar. Foi quando ele ficou com a respiração ofegante e falou: 'tô finalizando'. Me senti invadida, abusada".
O que é importunação sexual?
O g1 procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para entender em qual tipo de crime o relato de Gabrielly se classifica. De acordo com a delegada Amanda Ferreira Levy, o caso "pode ser capitulado como o delito de importunação sexual previsto no artigo 215-A do Código Penal".
"Em casos como esses [onde o crime acontece pelo celular] a vítima pode e deve fazer as capturas de tela, gravação da ligação, ou vídeo onde aparece o prefixo de telefone da pessoa que efetuou a ligação. E deve proceder ao registro de ocorrência que pode ser realizado pela delegacia virtual, de forma remota, ou presencialmente em qualquer unidade de polícia", explicou a delegada.
Com a denúncia formal, a polícia pode então iniciar os processos de investigação cabíveis para identificar e localizar o agressor e assim evitar que outras vítimas sejam traumatizadas.
A importunação sexual é o "ato libidinoso praticado contra alguém, e sem a autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro".
Podem ser considerados atos libidinosos, práticas e comportamentos como: apalpar, lamber, tocar, masturbar-se ou ejacular em público. É crime de importunação sexual a realização de ato libidinoso sem o consentimento da vítima, como toques inapropriados ou beijos "roubados", por exemplo.
Fonte: G1/RO
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