Acidente aéreo que matou Marília Mendonça e outras 4 pessoas ocorreu em novembro de 2021. Relatório do Cenipa tornou-se público na segunda
Porto Velho, RO - No relatório sobre o acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estabeleceu as últimas comunicações feitas pelos pilotos com a torre de comando, momentos antes da tragédia. O documento tornou-se público na segunda-feira (15/5).
De acordo com o texto, um piloto de outra aeronave que se aproximava para pouso em Caratinga (MG) relatou que ouviu comunicações da tripulação do avião em que a cantora estava. Ele afirmou ao Cenipa que “não percebeu diferença ou alteração nas transmissões, sugerindo que, até aquele momento, tudo corria dentro da normalidade”.
Um piloto de outra aeronave que também tinha como destino Caratinga afirmou à investigação que, momentos antes do acidente, a tripulação do avião de Marília realizou três reportes na frequência livre.
A cantora sertaneja morreu nesta sexta-feira após a queda de seu avião em Caratinga
No primeiro reporte, a tripulação informou que estava em posição afastada a 44 milhas náuticas. No segundo, comunicou que se encontrava na perna do vento da pista, ou seja, paralelamente à pista em uso, no sentido contrário ao do pouso.
No último reporte, cerca de 30 segundos após a segunda comunicação, o piloto informou novamente que estava na perna do vento da pista 2. Depois, não houve mais contatos.
O acidente
Na descida para o pouso, o avião de Marília chocou-se com os cabos de aço de para-raios da linha de transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A aeronave estava há cerca 115 pés do solo.
Segundo as informações que constam no laudo, as gravações tiveram início às 17h49min25s, no momento em que houve transferência de setor.
Na sequência, o centro de controle aéreo orientou a aeronave a manter o voo e a chamar quando estivesse pronta para descida.
Às 17h49min57s, a aeronave reportou que estava pronta para a descida. O centro de controle autorizou a descida até o nível de voo e, abaixo dessa altura, ficaria a critério da tripulação. O controle solicitou, ainda, que fosse reportado quando estivesse em condições meteorológicas visuais para mudança de regras do plano de voo.
Por volta das 17h56min59s, o controle aéreo informou à aeronave que o serviço de radar estava encerrado, e solicitou que reportasse as condições meteorológicas visuais para modificação do plano.
Em seguida, o avião afirmou que iria cruzar o nível de voo; que estava em condições visuais; e propôs o cancelamento do plano de voo sob regras de voo por instrumentos.
No último contato realizado com o centro de controle, a torre de comando confirmou o cancelamento do plano de voo por instrumentos às 17h57min e informou desconhecer tráfego que interferisse na descida da aeronave, liberando-a da frequência daquele centro.
Julgamento inadequado
Segundo o relatório, houve uma “avaliação inadequada” do piloto. De acordo com o documento, ele demorou para realizar uma curva de aproximação da pista e isso o teria colocado em rota de colisão com as linhas de transmissão.
“É provável que, com base na experiência de 10 anos de operação em empresa regida pelo RBAC 121, a memória processual do PIC tenha influenciado suas decisões tomadas em relação à condução da aeronave.
O hábito de realizar aproximações com final longa em outro tipo de operação pode ter ativado sua memória processual, envolvendo as atividades cognitivas e habilidades motoras, tornando as ações automatizadas em relação ao perfil executado no acidente”, detalha o Cenipa.
Fonte: Metropoles
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