Unidade da Prevent Senior em São Paulo. Agência O Globo — Foto: Agência O Globo
Porto Velho, Rondônia - A Prevent Senior, especializada em planos de saúde para adultos com mais de 49 anos de idade, colocou à venda a sua operação no Rio de Janeiro, como antecipou o Valor Econômico. No entanto, com uma carteira composta majoritariamente de beneficiários de planos individuais, a operadora poderá enfrentar dificuldade para encontrar um comprador, avaliam pessoas próximas à empresa e especialistas de mercado.
Na semana passada, conta uma fonte a par do tema, o mercado já comentava que a Prevent Senior estaria organizando sua saída do mercado do Rio, onde estão perto de 69 mil beneficiários de um total de quase 580 mil.
O presidente da Prevent Senior, Fernando Parrillo, confirmou ao Valor a venda da operadora. Mesmo assim, a empresa ontem informou ter dado início a um “processo de avaliação do valor das operações da empresa no estado”, sem, no entanto, explicar a razão desse movimento, e negou haver, no momento, negociações para a venda da carteira do Rio de Janeiro em andamento.
A operadora frisou que “qualquer decisão que eventualmente vier a ser adotada será comunicada previamente aos 69 mil beneficiários, pelos canais oficiais, sem prejuízo dos atendimentos, que continuam normalmente e são garantidos pelos contratos atuais”.
Retomada em SP
No início de maio, a Prevent Senior anunciou que iria suspender a venda de seus planos de saúde a partir do dia 10 daquele mês após registrar uma demanda de atendimento “acima do normal” em consequência a surtos de doenças como a dengue.
As vendas foram mantidas, contudo, até o fim de maio, por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
No início deste mês, a Prevent Senior retomou as vendas, mas somente em São Paulo. Os novos planos têm cobertura apenas na capital paulista e em Santos, Santo André e São Bernardo do Campo, com assistência ambulatorial e hospitalar, sem obstetrícia. O atendimento é realizado em uma rede verticalizada, ou seja, 100% própria, entre clínicas e hospitais.
Na semana passada, a operadora informou ao GLOBO que vinha trabalhando na elaboração de um novo produto para o mercado do Rio de Janeiro. Ontem, ela previu retomar as vendas locais em “no máximo dois meses”. Ao Valor, a empresa assegurou que, se não encontrar um comprador, manterá as operações no Rio.
ANS: condições têm de ser mantidas
Especialistas apontam o fato de a Prevent Senior não ter uma rede própria de hospitais no Rio de Janeiro como uma provável razão para a venda da operação. Afinal, a estrutura verticalizada garante o acompanhamento de toda a jornada de atendimento do usuário, o que reduz os custos assistenciais.
O custo é chave em uma carteira composta majoritariamente por planos de saúde individuais e familiares, aqueles contratados diretamente pelo consumidor e cujo reajuste anual é limitado pela ANS, afirmam especialistas. As empresas do setor argumentam que esse reajuste é insuficiente para cobrir as despesas e o aumento de custos, tornando os planos deficitários.
— Será desafiador ter um comprador para essa operação uma vez que grande parte da carteira da Prevent Senior é de planos individuais, um tipo de contratação da qual o mercado, infelizmente, tem fugido — avalia Adriano Londres, sócio-fundador da consultoria Arquitetos da Saúde.
E completa:
— As grandes operadoras deixaram de comercializar essa modalidade há tempos. As startups que entraram nisso em São Paulo, também. Assim como a Amil, player importante no Rio.
O valor pedido pela operação no Rio, segundo o Valor, é de R$ 1 bilhão, o equivalente ao resultado da operadora na localidade. Ainda que exista geração de caixa, diz uma fonte de mercado, o Rio representa pouco mais de um 10% do total de beneficiários da Prevent Senior, mas com um custo muito superior ao da rede paulista.
Segundo a ANS, as operadoras podem negociar a transferência de suas carteiras. A agência diz que não recebeu qualquer solicitação da Prevent Senior. E ressalta que, se a carteira for vendida, a nova operadora deverá manter integralmente “as condições vigentes dos contratos adquiridos, sem restrições de direitos ou prejuízos para os beneficiários.”
A XP foi contratada para cuidar do processo. Procurada, porém, não comentou.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários