Semana de olho nos juros: alta aqui e queda nos Estados Unidos na super quarta da política monetária

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Semana de olho nos juros: alta aqui e queda nos Estados Unidos na super quarta da política monetária

Banco Central deve subir a taxa Selic esta semana — Foto: Daniel Marenco/Agência O Globo

Porto Velho, Rondônia -
Esta semana teremos o que o mercado chama de "super quarta", quando há coincidência entre as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) brasileiro e do Fomc, comitê americano, que acontecem dias 17 e 18, para decidir as taxas de juros dos dois países. Já se sabe que lá vai cair e aqui vai subir. Então vai haver um descompasso, até porque em outros mercados os juros têm caído, o Banco Central Europeu, por exemplo, reduziu pela segunda vez a taxa.

Nos EUA, os juros básicos da economia estão entre 5,25% e 5,50%, e a aposta de 56% do mercado financeiro é em uma queda de 0,25 ponto percentual. Os outros 44% dos analistas acham que o corte pode ser maior, de 0,5 ponto percentual. Em relação ao Brasil, o jornal Valor Econômico fez uma pesquisa com 126 instituições e 108 delas disseram esperar um aumento de 0,25 ponto percentual.

Há uma minoria que acha que a Selic pode subir 0,5 ponto percentual. Ex-diretor do Banco Central, Tony Volpon, por exemplo, avalia que seria preferível fazer um aumento mais forte logo de cara e um ciclo mais curto de alta, a maioria acha, no entanto, que não há razão para tanto, os juros já estão altos no Brasil, 10,5%, para uma inflação que roda entre 4% e 4,5%.

Há riscos de a inflação chegar a 4,6%, o que significaria estouro do teto da meta. A inflação recuou 0,02% em agosto, ou seja, foi zero, puxada em grande parte pela energia. A adoção da bandeira tarifária vermelha este mês, no entanto. deve elevar a taxa. Além disso, há os riscos fiscais e tem o que o mercado chama de risco da reputação do Banco Central, diante da mudança de comando, afinal houve muita pressão do governo para que o Banco Central reduzisse juros, como se essa fosse a única coisa a fazer, quando, na verdade, apesar de os juros estarem altos, o mandato do Banco Central é justamente manter a taxa de inflação dentro do espaço de flutuação, o mais perto possível da meta que é 3%. Ou seja, há razões técnicas para alta de juros.

Porém, na última reunião do Copom, o que eles disseram é que estavam em dúvida sobre a manutenção por um tempo prolongado da taxa ou a alta, qual era o melhor caminho. Teve muita discussão nesses 45 dias que separam as duas reuniões, inclusive a indicação do novo presidente do Banco Central, que será Gabriel Galípolo.

Apesar de todos saberem que deve vir uma alta pela frente, há uma expectativa sobre qual será a sinalização para o futuro que virá na ata do Copom. O mercado financeiro gosta que o Banco Central indique o que vai fazer na reunião seguinte, o chamado forward guidance. Na última reunião, o Copom não quis dar essa visão direta, deixou dois caminhos em aberto.

No intervalo entre as duas reuniões, teve a entrevista que o Roberto Campos Neto me concedeu, em que ele foi visto como muito suave, "dovish", e as falas de Gabriel Galípolo, consideradas mais duras, o que levou-o a ser classificado como "hawkish". Ficou esse debate. E a minha impressão é que o BC não vai indicar os próximos passos novamente. Isto porque, está tudo mudando em vários indicadores, inclusive de atividade. Na semana passada, por exemplo, teve o dado dos serviços, que foi muito bom, mostrando crescimento, em julho, e o IBC-Br, que é uma prévia do PIB, negativo em 0,4%. Isso deixa algumas dúvidas, apesar de todas as indicações serem de que a atividade econômica está forte.


Fonte: O GLOBO

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