A escala de trabalho 6x1, na qual o trabalhador cumpre seis dias de atividade e tem apenas um dia de descanso, é frequentemente considerada perversa, cruel e desumana por seus impactos profundos na saúde física, mental e social. Essa organização do tempo muitas vezes ignora a necessidade de equilíbrio entre trabalho, descanso e lazer, pilares fundamentais para a qualidade de vida.
Primeiramente, essa escala contribui para a exaustão física. O corpo humano precisa de períodos regulares de recuperação para se recompor do esforço físico e mental. Quando o descanso é insuficiente, há maior propensão a doenças ocupacionais, como lesões por esforço repetitivo (LER), fadiga crônica e problemas cardiovasculares. Além disso, a pressão constante dificulta a adoção de hábitos saudáveis, como prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada.
Do ponto de vista mental, o impacto é igualmente grave. O estresse contínuo associado à rotina 6x1 pode levar à ansiedade e à depressão, condições que afetam não apenas a produtividade no trabalho, mas também a qualidade das relações pessoais. A falta de tempo para estar com a família, amigos ou simplesmente consigo mesmo gera alienação social e uma desconexão profunda com os aspectos mais humanos da existência.
Por fim, essa dinâmica também é uma afronta ao direito à dignidade. O trabalho deveria ser um meio para a realização pessoal e o sustento, e não um fator de exploração que subjuga o trabalhador a uma rotina opressora. Repensar escalas como a 6x1 é um passo necessário para uma sociedade que valorize o bem-estar humano acima da produtividade desenfreada.
A crítica a esse modelo não é apenas uma questão de empatia, mas também de justiça. É preciso fomentar debates sobre jornadas de trabalho mais humanas, que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, reconhecendo o trabalhador como ser integral, e não apenas uma engrenagem no maquinário da economia.
Samuel Costa é professor, advogado e jornalista, especialista em Ciência Política
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