Por um Jornalista Investigativo e Ambientalista
Rondônia, um dos estados mais importantes na Amazônia Legal, tem se tornado palco de uma das crises ambientais mais alarmantes do Brasil. Nos últimos três anos, indicadores sombrios revelam uma escalada de destruição que não apenas devasta a floresta, mas também coloca em risco o clima global, a biodiversidade e a saúde da população local. Sob um governo que ignora apelos e alertas de ambientalistas e cientistas, Rondônia enfrenta a degradação de seu maior ativo: a floresta amazônica.
Abaixo, apresentamos uma análise dos dados mais recentes, que evidenciam o rastro de destruição e irresponsabilidade ambiental que assola o estado.
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1. O Desmatamento Disparou – Um Recorde Macabro
Em 2021, Rondônia alcançou a maior taxa de desmatamento em uma década, destruindo 1.290 km² de floresta – uma área comparável a quase 180 mil campos de futebol. Esse dado assustador representa um aumento de 497,2% em relação a 2012, quando o desmatamento foi de 782 km². Como resultado, o estado rapidamente se tornou um dos maiores focos de destruição da floresta amazônica.
O que explica esse salto devastador? Fontes locais apontam o avanço descontrolado da fronteira agrícola, combinado com a ausência de políticas eficazes de controle e fiscalização. E enquanto o governo estadual silencia, novas áreas são derrubadas a cada dia.
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2. Março de 2023: Uma Catástrofe em Crescimento
Os números de março de 2023 demonstram que a destruição está longe de parar. Apenas nesse mês, 2.200 hectares de floresta nativa desapareceram – um crescimento de 450% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse número coloca Rondônia em segundo lugar na Amazônia Legal em termos de taxa de desmatamento.
Esse crescimento exponencial revela uma falha grave na gestão ambiental do estado, que, segundo especialistas, se recusa a combater a atividade ilegal de madeireiros e grileiros. E os impactos? Além de destruir o habitat de diversas espécies e reduzir a absorção de carbono, o desmatamento contribui diretamente para o aquecimento global.
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3. Porto Velho: A Capital do Carbono
Em 2022, Porto Velho foi a segunda cidade brasileira que mais emitiu gases de efeito estufa, somando mais de 25 milhões de toneladas de CO₂ equivalente. Esse dado, fornecido pelo SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), coloca a capital de Rondônia na rota de cidades mais poluidoras do país. Os principais culpados? O desmatamento desenfreado e a pecuária, que avançam sem controle e com incentivo indireto das políticas estaduais.
O que esses números não contam? As consequências silenciosas para a saúde das populações ribeirinhas e indígenas, que agora respiram um ar carregado de poluentes e sofrem com a degradação de seus ecossistemas.
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4. Queimadas Fora de Controle
Somente nos primeiros três meses de 2024, Rondônia registrou um aumento de 38% nos focos de queimadas em relação ao mesmo período de 2023. Em março de 2024, foram contabilizados 64 focos ativos – o maior número registrado até então no ano. Esses incêndios não são naturais: eles são frequentemente usados como método de limpeza de áreas para pastagem ou cultivo agrícola, numa prática ilegal que se prolifera diante da apatia das autoridades.
O custo das queimadas é alto: além de devastar a flora e fauna, elas liberam grandes quantidades de dióxido de carbono e metano na atmosfera, agravando ainda mais a crise climática global. E para os moradores? O aumento nos casos de doenças respiratórias, hospitalizações e mortes precoces está se tornando a norma.
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5. O Veneno na Mesa: Uso Escalado de Agrotóxicos
A expansão da fronteira agrícola em Rondônia está diretamente ligada ao aumento do uso de agrotóxicos. Embora os dados exatos sobre o crescimento do uso desses produtos sejam escassos, estima-se que milhares de toneladas de pesticidas e herbicidas sejam despejadas anualmente em solos e rios, contaminando fontes de água potável e colocando em risco a saúde pública.
Em estudo recente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), foi constatado que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em Rondônia, o cenário é desolador: os trabalhadores rurais e comunidades indígenas estão cada vez mais expostos a substâncias tóxicas que têm sido associadas a câncer, malformações congênitas e distúrbios hormonais.
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A Falta de Ação do Governo – Onde Está a Fiscalização?
Os dados apresentados são mais que números: eles refletem a irresponsabilidade e o descaso com o futuro da Amazônia e de Rondônia. Com as políticas atuais, o estado parece estar em um caminho de não retorno. Se o ritmo de destruição continuar, Rondônia pode enfrentar sérias consequências: redução drástica da biodiversidade, alterações climáticas e perda irreversível de ecossistemas críticos.
Enquanto isso, a população questiona: onde estão os projetos de proteção ambiental e a fiscalização do governo? Por que as leis de proteção ambiental estão sendo desmontadas?
Rondônia merece uma política que respeite suas riquezas naturais e assegure um futuro sustentável.
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