Léo Moraes e a armadilha da superexposição: quando a cobrança chegar, ele estará pronto?

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Léo Moraes e a armadilha da superexposição: quando a cobrança chegar, ele estará pronto?

AntagonistaRO - Desde que assumiu a Prefeitura de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos) tem adotado uma estratégia de comunicação agressiva, explorando ao máximo sua presença nas redes sociais e na mídia tradicional. Eleito no segundo turno das eleições de 2024, o jovem prefeito tem buscado transmitir uma imagem de dinamismo e proximidade com a população, sendo frequentemente visto em ações pontuais, como a instalação de tampas de bueiros, bate bola na rua, inauguração de obras no valor de R$50.000.00 e visitas a áreas atingidas por alagamentos. No entanto, à medida que os primeiros 100 dias de governo se aproximam, surge uma questão inevitável: até quando a popularidade sustentada por vídeos e postagens conseguirá resistir à dura realidade dos problemas estruturais da cidade?

A superexposição na mídia é uma faca de dois gumes. De um lado, fortalece a conexão do gestor com o eleitorado, passando a impressão de que ele está "nas ruas", atuando diretamente nas demandas do dia a dia. Por outro lado, essa mesma estratégia pode se transformar em uma armadilha, pois centraliza excessivamente a figura do prefeito, tornando-o o único alvo das cobranças populares. Em um cenário onde Porto Velho enfrenta desafios históricos, especialmente no que diz respeito à drenagem urbana e à infraestrutura viária, o risco é alto: se não houver avanços concretos, o desgaste político virá na mesma velocidade da ascensão midiática.

As chuvas das últimas semanas transformaram diversas ruas da capital em verdadeiros rios, expondo fragilidades que se repetem ano após ano. Não há dúvidas de que a solução para essas questões exige um planejamento robusto, recursos vultosos e, acima de tudo, tempo. A questão central é: Léo Moraes conseguirá mobilizar investimentos suficientes para atacar o problema em sua raiz?

Porto Velho é um município de dimensões continentais, com mais de 34 mil quilômetros quadrados de território e quase 8 mil quilômetros de estradas vicinais. Além disso, os distritos da cidade, alguns situados a mais de 400 quilômetros da sede, também clamam por infraestrutura. Diante dessa realidade, a gestão do prefeito não poderá se limitar a medidas paliativas ou ações midiáticas isoladas. Será necessária uma articulação política eficiente, tanto no âmbito estadual quanto federal, para garantir recursos que viabilizem projetos de grande impacto.

Desde os anos 1990, a Prefeitura de Porto Velho tem sido um verdadeiro "cemitério" político. Poucos gestores conseguiram sair do Palácio Tancredo Neves ou do Prédio do Relógio com capital político suficiente para alçar voos mais altos. Os que não entregaram resultados concretos foram tragados pela impaciência popular e pelo desgaste natural do cargo.

Para não repetir esse destino, Léo Moraes precisará equilibrar sua estratégia de comunicação com uma gestão efetiva. A superexposição pode ser um trunfo, mas também pode virar um fardo. A população, que hoje o enxerga como um líder ativo e presente, não hesitará em mudar de opinião caso perceba que as ações de impacto real não estão saindo do papel.

Se conseguir captar os investimentos necessários e implementar soluções eficazes, Moraes poderá consolidar sua posição como uma das principais lideranças políticas de Rondônia. Caso contrário, sua trajetória poderá seguir o mesmo caminho de outros ex-prefeitos que, após um início promissor, acabaram reféns de promessas frustradas e da impiedosa memória do eleitorado.

Nos próximos meses, Porto Velho terá a resposta: Léo Moraes será lembrado como o prefeito que mudou a cidade ou como mais um nome na longa lista de políticos que sucumbiram às expectativas que não conseguiram cumprir?

Samuel Costa é advogado, jornalista e portovelhense, especialista em Ciência Política

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